sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

                       PREZADO EDUARDO
                       (Uma história de ficção)
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                    Cap. 21- Epílogo

                  As cartas não mentem jamais

Outro dia desses peguei minha Bíblia e por acaso abri o Novo Testamento no Evangelho segundo João. Ali, encontrei de maneira explícita a resposta: certas coisas não acontecem somente comigo. Sim Edú, você certamente sabe.... Outra coisa que tenho feito com alguma frequência é tentar manter contato com os Anjos, mensageiros da Luz.  Mas essa é uma experiência difícil pois antes temos que estudar o fenômeno e estarmos preparados e tranquilos porque as respostas quase sempre vem e da manira mais inesperada possível.
Outra experiência interessante aconteceu comigo: Você sabe que Olívia tem o dom de  "jogar as cartas" e uma noite, eu pedi para que ela jogasse para mim. Ela o faz de um modo diferente do que usualmente  se faz ou seja: uma ao lado da outra para leitura. O método que ela usa é dispor as cartas em"X" com a carta de um homem ou uma mulher, conforme o caso, bem no meio do "X". Assim, pode-se ver se as cartas que são dispostas estão perto ou afastadas da carta do meio do "X".  Ela, de saída, como que num impulso  percorreu com o dedo a "perna" do "X" que estava à esquerda até seu extremo superior. E, tocando em cada uma dessas cartas da perna esquerda do "X", disse (uma palavra para cada carta tocada): meu-bem-tu-estás-trocando-de-amor. E fechou o jogo.

Em 25 de outubro de 1996, por acaso, soube que uma nova tempestade estava para desabar obre minha cabeça. Foi sem querer, que atendi uma chamada do telefone e, do outro lado da linha uma pessoa que dizia chamar-se "Barão do Serro Velho" pedia para falar com Olívia, e num tom  autoritário.Ele não sabia quem eu era. Quando a chamei, vi o embaraço dela.  Aquilo foi demais para minha cabeça! De novo!!! Foi só o que pensei, Não vou dar detalhes porque não vem ao caso. Passei a noite em claro mas às dez horas da manhã já havia tomado a decisão. Deu 12:30, 15:00, 20 horas... e às 23 horas  deliberadamente e com firmeza apaguei a luz vermelha para sempre!
Então Edú, neste ano de 1996 o Dr Santiago sabe, à moda dele, que eu consegui equilibrar o Leão com o Aquário. Ele me afirmou que eu sou uma pessoa privilegiada, holística e que seria bom se eu continue assim. Edú, como é bom ser livre, como é bom conhecer os outros lados da vida, como é bom não viver dentro de um quadrado.... Mas não pense que é tudo muito tranquilo. Não é! O pedágio é caro mas vale a pena.
Enfim, ao terminar esta não poderia deixar de falar que passando pelos florais estudei um pouco sobre essências perfumadas,  Primeiramente experimentei jasmim  e rosas, depois passei por outros e até que me apareceu o Perfume cítrico Eternidade que pretendo te-lo sempre ao meu lado pelo resto da minha vida.


                                                      Fim


                 

                   PREZADO EDUARDO
        (Uma obra de ficção publicada em capítulos)
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                    Cap 20
            O Amargo "Post-Scriptum"

Embora o tempo não lhe diga muita coisa, creio eu, preciso lembrar-lhe que em 1987 fui transferido para Brasília. Deixar Porto Alegre foi muito difícil: amigos, lugares,hábitos... Mas, o que fazer? Para progredir na Empresa eu não tinha outra escolha. O início da nova vida em Brasília foi muito gostoso. Brasília é uma cidade bonita e agradável de se viver, mas, não faltavam as "cassandras" que diziam que Brasília era a cidade dos quatro"D": Deslumbramento,desilusão, divórcio e mesmo passando por tudo isso  se você ainda permanecia morando lá, era a Demência.... Pura conversa de quem sentia uma saudade "imensa" da praia e do calor.  No que me diz respeito eu estava realizando um sonho que de certa forma  acalentava desde a noite de 21 de abril de 1960 quando ouvi pelo rádio JK inaugurar a Novap.
Assim, nos finais de semana passeávamos muito e tentávamos descobrir a lógica da cidade. O urbanismo de Lúcio Costa era fenomenal!  No início, moramos num apartamento alugado na 103 Sul ou SQS 103 e muito próximo ao nosso Escritório Central, de modo que pelas manhãs eu levava Iuri até o Colégio Dom Bosco e depois seguia para o trabalho. Tudo a pé. Minha primeira descoberta de lazer foi o Parque da Cidade que oferecia uma série de recantos muito aprazíveis e como estávamos na estação seca tínhamos a nítida impressão de desfrutar um outono sem frio pois as folhas amareladas de árvores nativas e exóticas formavam pequenos tapetes naturais. Descobrimos as demais Superquadras ímpares e pares e norte e sul, o Conjunto Gilberto Salomão, o Conjunto Nacional, o Parkshopping, os Lagos Norte e Sul, os Setores de Mansões Norte e Sul, o Teatro Nacional e a Brasília Super Rádio FM, a melhor rádio do mundo, no meu ponto de vista. Estávamos realmente deslumbrados e tudo iria melhorar quando eu conseguisse adquirir, sem pressa, um apartamento maior.
Durante as viagens que Olívia fazia a serviço Iuri e eu curtíamos a cidade, sozinhos.
Foi nesse clima que aproximamo-nos celeremente do Natal de 1987 e do promissor ano novo de 1988 e nossos planos para esse período de recesso emendado com minhas férias incluíam uma viagem a Porto Alegre e vinte dias na nossa casa de praia no Cassino, Rio Grande. A casa que reformei dois anos antes transformou-se numa agradável residência de verão onde vou à praia,preparo churrascos para os amigos, primos, irmã, cunhado e sobrinhos. Os três primos de Iuri,quase todos da mesma idade curtiam muito o veraneio.  Era uma verdadeira festa para eles. Alem disso, eu gostava de cortar a grama, ajustar a antena de televisão e mexer nas instalações elétricas e hidráulicas da casa. Enfim, era uma verdadeira higiene mental no melhor dos mundos.
Mas, ainda em Porto Alegre, encontramos nossos vizinhos Felipe e Duda, alem de outros familiares. Já nesse momento comecei a notar discretos modos inquietos no comportamento de Olívia. Várias vezes a encontrava cantando mas, quando eu me aproximava dela tornava-se distante, me evitava, sentia dores e num desses episódios, já nos últimos dias de férias ela insinuou várias vezes  que uma separação seria melhor para os dois. Como você me conhece muito bem Edú aquele tipo de situação me perturbava muito e tive que recorrer novamente ao Dr Santiago que já havia me dado alta quando mudei-me para Brasília.
Entre várias coisas que ele falou lembro uma que me marcou:"Ronaldo, existem várias mulheres que querem ter um homem como você... Mas, é claro que eu não vou te dizer os nomes......" Rimos muito.
Neste clima de desconfiança regressamos a Brasília após as férias. Eu começava a ter uma certa desilusão com a cidade. Claro que não era bem com a cidade, era comigo mesmo, e acabamos derramando nossas angustias e frustrações nas pessoas com quem convivemos,e com o trabalho, Particularmente eu acreditava que esta seria a hora de agarrar o touro à unha e fazer desaparecer, por completo, a luz vermelha que teimosamente voltava a aparecer. Foi justamente neste período que Olívia deu o "veretictum" dela: Não gosto mais de você! Também já esqueci o falecido Pepe, o Agrícola, o....... e assim fez desfilar uma série de nomes. Pensei então: "Eu tinha razão desde o início." Mas, antes que ela pudesse proferir qualquer palavra eu disse: "Muito bem, então vamos nos separar mas o Iuri fica comigo" Sem hesitar ela concordou e continuou:" Estou apaixonada pelo Julio Cesar, que conheci na viagem a Rondônia. Vou para lá o mais breve possível pois ele até vai falar com a mulher dele para propor divórcio como eu estou fazendo contigo." Fiquei atônito com a rapidez da decisão e com a situação dela e do tal Julio Cesar que me parecia um tanto instável. Então aduzi:"Você está indo como a 'outra' ou a 'segunda mulher.' Este fato não te assusta ou te deixa insegura?" Rispidamente ela respondeu: "Eu vou  como mulher de segunda, terceira,,, seja lá o que for. Amo o Julio Cesar!". Também respondi rispidamente: "Você pode ser mulher de segunda ou terceira mas eu sou homem de primeira linha!"
De imediato passamos da desilusão ao divórcio. Tudo muito rápido pois não houve litígio e eu queria ver logo aquela situação resolvida.
Por mais incrível que possa parecer e por razões que até hoje desconheço, houve por parte dela uma tentativa de reversão da situação. Embora repetidas vezes  o Dr Santiago me alertara para não recomeçar, mas Iuri a própria Olívia insistiram para que isso acontecesse. Repito que até hoje, não sei porque Olívia resolveu de repente querer voltar para mim, reiniciar... e mais uma vez eu cedi. Decisão amarga para mim. Claro Edú, aquela seria a melhor hora de apagar a luz vermelha mas não o fiz. Em todo o caso eu já havia iniciado um processo de mudança dizendo a ela: "Olha, eu sou um torrão de açúcar que você pode ir  degustando, degustando mas, de repente pode encontrar um grão de pimenta no interior do torrão....
Nessa situação e realizando, a pedido dela, a reversão legal do divórcio, reiniciamos e continuamos em Brasília. Seria a demência? Acho que era apenas um pouco de debilidade. Pelo meu lado, enquanto Olívia esteve às voltas com a mudança dela para Rondônia e o divórcio já concluído, eu reencontrei Aline numa de minhas viagens a Porto Alegre no período em que eu já sentia uma pré reconciliação com Olívia. Não lembro se já havia conversado com você sobre Aline, creio que sim. Fomos namorados algum tempo em mil novecentos e sessenta e nove. Quando estava pensando em noivar mas,  resolvi terminar o namoro porque eu queria ir para os Estados Unidos livre de compromissos, casar com uma americana e ficar lá para sempre. Bem, quando reencontrei Aline, ela já havia se casado e divorciado e já tinha um filho. Recebeu-me em Porto Alegre na Quinta Feira Santa de 1988, com um abraço tão gostoso que dificilmente iria esquecer. Tivemos um longo,  tumultuado e tórrido romance mesmo depois de eu ter reatado com Olívia. Olívia vinha a Brasília e eu ia a Porto Alegre. Ela socióloga e sempre, como eu, inventávamos uma viagem. A distância e o recomeço com Olívia, que parecia tinha se acertado, acabaram por terminar o relacionamento mais legal que tive na minha vida.
Entretanto Edú aquela luz começava a incomodar demais... Mas, antes de entrar nessa seara quero te falar algumas coisas do País. Sobre o trabalho:Estive na Diretoria  do Vitorino Fassbinder  Pi e Assunção que deve ter sido seu colega no tempo do escritório do Rio de Janeiro. Fui seu fiel funcionário e amigo, mesmo quando ele caiu em desgraça, e hoje ele finge que não me conhece. Até imagino por quais razões mas, são tão estúpidas que prefiro não falar. Eu, pelo menos coloco a minha cabeça no travesseiro e durmo. e ele..... não sei. O que posso te afirmar é que ele nunca teve um amigo como eu e o tempo, talvez um dia, vai explicar mais essa aleivosia da qual fui vítima. Sobre o País: Em 1990 tivemos um período político extremamente atribulado. O Presidente de então, eleito pelo voto direto, foi retirado do poder pelo processo do "impeachment"  e se não estivéssemos em plena democracia a situação teria sido bem pior pois a governabilidade do País chegou a ser ameaçada. Após, seguindo as regras democráticas tivemos um período mais calmo porem com uma inflação altíssima: mais ou menos 1% ao dia. Mas, felizmente, o honrado Vice que sucedeu o Presidente impedido colocou no Ministério da Fazenda uma equipe que arquitetou e implantou  um Plano Econômico e uma nova moeda, o Real, que desde sua entrada  em operação tem desvalorizado muito pouco, embora hajam pressões fortíssimas para uma maxi desvalorização, os preços estão quase estáveis há mais de quatro anos.
Um pouco antes do tumultuado período que já mencionei, consegui adquirir um bom apartamento na na ASA NORTE. Cheguei à demência? Vivemos lá Olívia e eu pois Iuri logo que concluiu o segundo grau nos Estados Unidos, esteve algum tempo conosco e depois foi para Porto Alegre, já aos 19 anos, para estudar Ciências Políticas. Concluindo o Curso com brilhantismo voltou aos Estados Unidos, onde trabalha, casou e me deu um neto americano. Mora em Washington DC.


Último capítulo: As cartas não mentem jamais



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

                       PREZADO EDUARDO
                       (Uma história de ficção)
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                         Cap. 19

                                 Aquário
Agora em pleno mês de julho de 1981, o panorama de nossas vidas  e do País é o seguinte: Continuo casado com Olívia, que terminou seu curso de psicologia e penso que sou feliz. Iuri já está com seis anos.  Ampliei consideravelmente o número de amigos e conhecidos  e junto com o pessoal da família como o Pedro e a Juçara, o Beato e a Verônica, temos recebido o José Paulo e a Graça, o Bóris e o Jandir com as respectivas esposas, sendo que estes dois últimos tem muita coisa em comum comigo e com você. No meu aniversário, por exemplo, o Bóris me presenteou com o livro "Que loucura" do Woody Allen.

Por outro lado embora a inflação tenha atingido a casa dos três dígitos, a dívida externa ultrapasse 50 bilhões de dólares e estejamos pagando quase 40 dólares pelo barril do petróleo, creio que a situação não é de se desesperar pois as Regionais apesar  da crise(sic) não foram desativadas e tivemos uma anistia ampla, geral e irrestrita. Temos assim a mais absoluta liberdade de imprensa , a censura a filmes foi abolida e só existe limitação pela idade. Graças a isso pode-se assistir filmes com"Z" de Costa Gavras, Laranja Mecânica(embora com ridículas bolinhas pretas nos órgãos sexuais) de Stanley Kubrick,Último Tango em Paris do Bertolucci e Decameron do Pasolini. Parece que está tudo a mil maravilhas mas é bem nítido o ovo da serpente. O Bruxo e asseclas ainda estão por perto.
Cada vez que assisto a um bom filme, peça de teatro ou leio um bom livro, lembro-me de você e penso: "como o Eduardo iria curtir 'Manhattan', 'Annie Hall','O Franco Atirador','Hair',a 'trilogia' do Gabeira,'O Beijo da Mulher Aranha','Ragtime','Gente como a Gente','Bye Bye Brasil'.......
Olhando porem as coisas sobre outro ângulo, você não estando mais no nosso meio, ficou livre de ouvir ou ler notícias desagradáveis como o assassinato do John Lennon ou sobre o desemprego que assola o País.


Enfim, meu caro Edú, gostaria de te dizer o que penso sobre essa transformação, toda essa crise, toda essa confusão pelas quais passam as pessoas, o País e o mundo. Quase posso assegurar-te que tudo isso é um sinal evidente  que estamos chegando ao crepúsculo da atribulada Era de Peixes para entrar na alvorada da  Era de Aquário.
                                                                     Saudades do amigo
                                                                           Ronaldo





Próximo capítulo (penúltimo): O amargo "Post Scripton"

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

               PREZADO EDUARDO                           (Uma história de ficção publicada em capítulos)
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            Cap. 18

               Perguntas e Respostas
Foi quando nos encontramos nos Estados Unidos em 1970 que tomei conhecimento do primeiro número da Revista "Pessoas e Fatos" cujo lançamento estava ocorrendo simultaneamente no Brasil. Desde aquela época venho cultivando o hábito de ler aquele periódico mensal. Outro dia, folheando o exemplar de julho fiquei   um tanto surpreso com uma reportagem sobre o Geraldo Orlando Velloso, nosso antigo colega da GEOHIDRO. Pois fique você sabendo que o Geraldo acabou concretizando um velho sonho. Naturalmente você deve lembrar das conversas que mantínhamos no "Roda d'Água" na Praia Vermelha, próximo ao nosso escritório central. Geraldo sempre dizia que um dia iria largar a engenharia e iria dedicar-se ao rádio, talvez sua primeira vocação. E não é que o Universo conspirou a seu favor? Em 1979, talvez para ficar bem afastado do Bruxo e sua roda resolveu aceitar o convite de seu cunhado para dirigir uma Rede de Emissoras de Frequência Modulada. O esquema montado por ele  dele deu tão certo que hoje ele é considerado um "expert" no assunto! Vocação é vocação, embora tenhamos a possibilidade de seguir varias que se apresentem se dedicarmos esforço suficiente para tal. Ele, hoje, é figura nacionalmente conhecida e comanda uma rede de centenas de afiliadas em todo o Brasil com sede em São Paulo e apresentando a mesma programação ao mesmo tempo, via satélite. Resolvi então, transcrever para você uma parte da entrevista que a repórter Maura Merlin fez com ele:

Maura: Geraldo, conte como você ingressou no campo da radiodifusão, uma vez que sua formação universitária nada ter a ver com rádio, afinal você é um dos melhores especialistas do Brasil em Recurso Hídricos...

Geraldo:Apesar de minha formação profissional ser de outro ramo, desde jovem fui sempre muito interessado por rádio mas também pelos recursos naturais:nosso solo, nossa água,nossas florestas.... Resolvi então, primeiramente dedicar-me aos nossos recursos hídricos mas, sempre pensando que um dia eu iria dedicar pelo menos parte do meu tempo ao rádio. E por ocasião dos "tempos difíceis" em meados da década passada, não perdi a oportunidade que se apresentou com o convite do meu cunhado Ciro da Veiga.

Maura: Você de certa forma revolucionou o rádio em Frequência Modulada pois abandonou os velhos esquemas de "música de elevador" e "música moderna barulhenta", partindo inclusive para apresentações de "música erudita" numa boa parte da programação. Não foi um risco muito grande, comercialmente falando?

Geraldo: É, de certa forma foi sim. Eu mudei os velhos esquemas partindo para "Programação em Blocos". Hoje, nós temos em toda a rede blocos de música brasileira tradicional, música estrangeira suave (os famosos "Standard"), música estrangeira jovem,música brasileira jovem,  e música erudita de compositores estrangeiros e nacionais. Claro que comercialmente foi um risco mas, temos um bom número de nichos em blocos estanques e o esquema adotado deu certo pois dirigimos os comerciais para determinados seguimentos da população de acordo com o "bloco" que está sendo transmitido.

Maura: como está sendo a acolhida dos programas de música erudita?

Geraldo: De acordo com pesquisas que temos realizado, a acolhida é excelente! É um erro pensar-se que o brasileiro não gosta de música erudita. Gosta sim e passará a gostar cada vez mais, tenho certeza. Você deve ter notado que durante as emissões de programas com música erudita, procuramos transmitir também  e de uma maneira muito didática, informações sobre a história da obra e seu compositor.

Maura: Você ainda mantem algum vínculo com seu antigo campo de atividades, ou seja, os recursos naturais?

Geraldo: Profissionalmente não e afetivamente sim. Acontece que quando eu trabalhava em recursos naturais sempre achava um tempo de desenvolver rádio fosse através de radioescuta, faixa do cidadão, e acompanhamento das concessões e permissões outorgadas pelo governo naquela área. Hoje acontece justamente ao contrário: Faço rádio, mas acompanho regularmente quase tudo o que ocorre na área dos recursos naturais.

Maura: Cite-nos alum exemplo sobre algo novo que tenha ocorrido na área dos recursos naturais, alem do que é publicado na mídia, claro.

Geraldo: Na parte do aproveitamento dos recursos hídricos, por exemplo, houve um progresso notável. Hoje já estão formados vários "Comitês de Bacia" que congregam Governo,usuários,organizações não governamentais etc...ou seja, todos os que tem interesse direto ou indireto no recurso hídrico da bacia. O objetivo final é realizar estudos,ouvir a comunidade,a área ambiental...... Isso tudo no sentido de se obter um aproveitamento múltiplo da água e minimizar os impactos ambientais.

Maura: Você quer dizer que agora se considera o aproveitamento de um rio em todos os seus aspectos: geração hidrelétrica. navegação,abastecimento público, diluição de efluentes tratados, pesca, composição paisagística, relocação das populações ribeirinhas, lazer.... e tudo ambientalmente sustentável?

Geraldo:Exatamente. Você foi direto aos pontos nevrálgicos!  Há algum tempo atrás, não só o Brasil mas em vários outros Países cada usuário da água considerava o rio visando quase que unicamente seus próprios objetivos. Assim,  setor elétrico via o rio como fonte geradora de energia, o setor de saneamento sob o ângulo de fonte para água potável e lançamento de efluentes,o setor da agricultura sob o ângulo da irrigação e assim por diante. Hoje, quando se projeta uma obra, alem de considerar o uso integrado da mesma, obrigatoriamente a licença ambiental é fundamental.




Próximo Capítulo:   AQUÁRIO










 

                     PREZADO EDUARDO
                     (Uma história de ficção)
                      Cap. 17
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                      Análise,Livros e Astros

Tenho observado que de algum tempo para cá algumas mudanças estão processando-se em minha maneira de ser e ver as coisas.
Através da Análise, que eu considero um trabalho realmente artesanal e extremamente difícil foi possível me libertar da maioria dos medos, angústias e outros demônios que povoavam minha mente. Disse a maioria, porque alguns ainda estão lá. Comecei também um processo de descobertas....
Por outro lado, estudando profundamente  minha carta astrológica, que fiz um curso completo, executada por uma cidadã do mundo, segundo ela mesma, percebi entre outras coisas  que tenho o Sol em Leão e isso me proporciona alumas características básicas em termos de liderança,chefia, organização.... Em contrapartida eu não possuía ou as possuía em quantidades mínimas algumas características opostas ao meu Leão que como você sabe está a 180º, o Aquário, que caracteriza-se por independência, perspectivas progressistas, uma certa desorganização. No meu ponto de vista, o Cálculo Vetorial aprendido na Engenharia podem de certa forma explicar algumas coisas.
Lendo, mas lendo muito tenho adquirido conhecimentos notáveis e a leitura tem se constituído para mim um fator vital, tão vital quanto ao ar que respiro. Ler e escrever são direitos fundamentais do ser humano e por isso mesmo são as formas mais expressivas da liberdade. Lamento quando uma ditadura se implanta ou ameça de se implantar pois a primeira coisa que cortam é a liberdade de expressão em toda a mídia.


Próximo Capítulo: Perguntas e Respostas

domingo, 25 de janeiro de 2015

                      PREZADO EDUARDO
                        Uma história de ficção
                       Cap16
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                      O Amigo que parte

Creio que já estava em processo de análise há alguns meses quando nos vimos pela última vez em Brasília. Eu estava de passagem por lá e Olívia e Iuri já havia regressado a minha casa. A relação estava mais ou menos acertada sem eu saber de todos os pormenores....Ela não me contara tudo.  Nessa viagem a Brasília tivemos a oportunidade de conhecer o Artur Bernardo seu filho e de Clélia. Ele era alguns meses mais velho que Iuri. que tinha ficado como a avó em Porto Alegre, e tem mais , vocês aguardavam outro filho  que você queria que fosse uma menina, a Ana Luíza. O encontro foi rápido pois tínhamos uma série de compromissos a atender. Não poderíamos nem de longe imaginar que nunca mais nos veríamos, pelo menos em condições normais de temperatura e pressão.


 O Bruxo, o Assecla e sua entourage estavam mais ativos do que que nunca......




Foi num determinado dia do mês de novembro de 1976 que logo após a chegar ao meu escritório fui avisado pela minha secretária Dinah que o Norberto, nosso colega de Curitiba, estava ao telefone e que  queria falar comigo.  Foi ele quem me comunicou que você  havia partido.
Lembro-me de uma expressão de Gabeira que um dia no passado escreveu mais ou menos o seguinte: "Podemos  contar os mortos, os desparecidos, os órfãos, as viúvas..... Pode-as até fazer um Documentário ou um Relatório sobre isso. Mas quem vai contar os desaparecidos anônimos que foram vítimas indiretas do arbítrio????" Essas pessoas vão ficar esquecidas na poeira da história......




Alguns meses mais tarde, ali por meados de março de 1977, Olívia e eu fomos visitar do Louis Affonso, da GEOSONDA, e sua mulher Lenira em seu novo apartamento,Eles foram nossos padrinhos de casamento e nós fomos padrinhos deles. Conversamos descontraidamente sobre vários assuntos. Depois de mais ou menos uma hora de conversa, Lenira que havia ido a cozinha  apanhar um copo, avisou-me que um amigo meu estava ali e queria falar comigo. Perguntei quem era e ela me respondeu que ele dizia chamar-se Edu. Ora, Você ali Edu?! Ainda surpreso o recebi e perguntei como você estava. Você disse que estava bem. Trocamos mais algumas palavras e então lembrei-me de perguntar se seu segundo filho já havia nascido e se era uma menina, a Ana Luíza, como você tanto queria. Você respondeu que não. Tinha sido um menino. Logo em seguida você deu tchau e foi embora, As lágrimas me vieram aos olhos.


Volta e meia eu mantenho contato telefônico com com o Santini e a Marion. ele agora meu ex-Diretor e ambos nossos amigos e de você e Clélia. Num desses contatos eu lembrei-me de perguntar à Marion se Clélia já havia ganho o bebe. Marion me informou que sim e que era um belo garoto.




Próximo capítulo: Análise, Livros e Astros














sábado, 24 de janeiro de 2015

                                                   PREZADO EDUARDO
     (Uma história de ficção publicada em capítulos)
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                  Cap. 15


                       Viajando inopinadamente

Eram mais ou menos 18h:30m quando eu estava desembarcando no aeroporto de Congonhas. Chequei os documentos e a bagagem e dirigi-me diretamente à ala internacional. Lembro-lhe que  o aeroporto de Guarulhos ainda não existia e as duas saídas do Brasil, via aérea, só eram  Congonhas e Galeão. Lembro que o aeroporto estava muito frio e este fato de certa forma amenizava a minha inexplicável angústia.
Como faltavam ainda duas horas para o voo procurei um lugar no saguão para sentar e, apenas com minha valise da mão e meu capote adquirido em Londres, acomodei-me numa poltrona próxima. Permaneci algum tempo sentado e sem saber bem porque, levantei-me e me dirigi ao quiosque de chaveiros de acrílico e adquiri um em forma de prisma retangular e solicitei que fosse inscrita a palavra FREEDOM.  Neste chaveiro coloquei uma chave muito pequena, mas muito bem acabada, parecia uma joia, e que não lembrava onde havia adquirido e tão pouco foi parar no meu bolso. Olhando fixamente para a chave  e o chaveiro comecei a relembrar alguns fatos ocorridos na semana. Logo após minha volta de uma viagem a serviço a Brasília o mundo continuava a desabar  sobre mim e mesmo assim eu procurava, de alguma forma, buscar alternativas para refazer minha vida. Seriam já os primeiros resultados do "artesanato" que o Dr Santiago trabalhava comigo? Creio que por volta de onze horas da manhã da quinta-feira dois de abril de 1976 minha secretária entregou-me um telex do novo Diretor Técnico da empresa, Dr  Melão, cujo teor era o seguinte: "Informo a VSa. que o indiquei para participar no Seminário sobre Recursos Naturais a realizar-se no período 13 a 15 do corrente em Jackson, Mississipi-Estados Unidos. Saudações. Manoel Melão, Diretor Técnico."
Daí para frente foi uma corrida contra o tempo: malas, roupas, visto no passaporte, compra de travellers checks etc. De repente ali estava eu, pronto para mais uma viagem ao exterior. O voo até Miami foi tão tranquilo que nem senti e nem mesmo aceitei o jantar. Estava exausto e devo ter dormido toda viagem pois nada lembro.

Chegando a Miami a conexão prevista era imediata pela American Airlines e demorei poucos minutos na área de imigração. Já em Jackson, Mississipi dirigi-me de táxi para o Hotel Golden Dream em cujo salão de convenções iriam realizar o Seminário. A Abertura do evento se daria naquela noite, e como faltassem ainda algumas horas, após o almoço, recolhi-me ao apartamento para olhar com mais detalhes a pauta do seminário. Por volta das sete da noite fiz minha inscrição, apanhei a pasta e demais documentos e  comecei a caminhar pelas adjacências do Salão de Convenções. O Hotel era o mais luxuoso entre os que eu já havia me hospedado nos Estados Unidos.Toda a decoração era em tons de verde e embora eu estivesse só, sentia uma paz profunda.
Subitamente, passa por mim alguém com "aquele caminhar meio desajeitado", "baixinha e com um corpo perfeito.......... "Não é possível", pensei. Mas era. Era possível sim! Tinha tanta certeza que era ela  de tal forma que apressei o passo  e exclamei: "Peggy!" Ela olhou-me e tão espantada quanto eu respondeu: "Ron!" Abraçamo-nos... olhamo-nos,...abraçamo-nos de novo.... Era incrível Edu! Peggy estava ali como uma das representantes do NS no seminário! Eu sei que é difícil de acreditar! Começamos a caminhar, de mãos dadas, e olhando um para o outro sem dizer nada. Quando me dei conta, estava no apartamento dela. Depois de nos abraçarmos e beijarmo-nos longamente, começamos a nos despir. Peggy estava como corpo mais lindo do que nunca. Amamo-nos profunda e intensamente naquela noite. Creio que adormecemos quando o sistema de som do apartamento tocava "Danças Polovtzianas do Prícipe Igor" de Alexander Borodin. Eu me sentia "um estranho no Paraíso"....

Acordei ouvindo os acordes de "Velha Gaita" do folclore gaúcho, misturado a um sinal sonoro indicativo de hora certa. Era a Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que iniciava suas transmissões que eu recebia através do meu rádio despertador. A sensação de felicidade foi se transformando em frustração e o único fato concreto do meu amor com Peggy naquela noite de dois para três de abril de mil novecentos e setenta e três era o lençol ainda umedecido. E enquanto o locutor da rádio anunciava o Concerto nº 4 para Piano e Orquestra de Rachmaninoff, no Concerto Matinal, eu fazia um movimento circular com o braço direito em direção ao lado vazio da cama, na vã esperança de ali encontrar Peggy.




Próximo capítulo:   O amigo que parte